terça-feira, 25 de novembro de 2008

Penso, logo surto #1

Gente, a conversa que segue abaixo aconteceu na madrugada de domingo para segunda, dia 24/11. É claro que editei, corrigi e apaguei coisas supérfluas e comprometedoras e ainda assim sobrou toda essa paranóia delirante sobre o indivíduo, a sociedade e esse blog que aqui você se encontra.

v diz
Oi!
Q diz
Fala Vezinha
v diz
Bão?
Q diz
tamo ae
...

ERA PARA SER UM PAPINHO “MÁ O MENO”, ATÉ QUE...

v diz
Fiz um blog, queria q vc lesse
Q diz
Eu dei uma olhada... vou lá de novo
v diz

Q diz
Me fascinou a primeira vista
v diz
Opa! Que bom!
Q diz
Me instigou
v diz
heheh
Q diz
QUE EU ME PERMITA OLHAR, ESCUTAR E SONHAR MAIS..
FALAR MENOS.
CHORAR MENOS.
v diz
qdo ler, comente, por favor...
rs
Q diz
fazer o seguinte, vou criar um blog tb
como faço?
v diz
www.blogspot.com
Q diz
http://conquistando-o-mundo.blogspot.com/
Q diz
vou detonar seu blog no meu
v diz
Postarás? Escrevendo já?
Q diz
S ...PRONTO
Q diz
Já dei a primeira detonada
v diz
caralho, acabou comigo ...rs
Q diz
Acabei com a noção de que as dores a serem resolvidas são as individuais
Acredito que nossa saída se da pelo pensamento coletivo
v diz
Entendi isso. Mas o coletivo não se forma. Eu não consigo ser par, quanto menos plural. Coletiva. As pessoas não se querem
Q diz
O coletivo já existe, somos uma grande massa, acreditando que somos indivíduos
v diz
Sim. Mas as pessoas tomam com conceito de indivíduo para justificar seu egoísmo
Q diz
E reforçá-lo tb
v diz
É
Q diz
Isso só leva a uma maior frustração
v diz
Pois é, mas são tão egoístas q não conseguem enxergar o problema na individualidade e sim nas pessoas... Afastando-as sempre que podem. Gerou-se um nojo pelo ser humano sem tamanhos
Q diz
Sempre é mais fácil achar que a culpa é do outro, evita o aperto de mão de um possível aliado. Tu convences as paredes do quarto e dorme tranqüilo, sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo
v diz
É, e aí?
Q diz
Tava vendo o resto do seu blog
v diz
ahnnn
Q diz
E vai à direção de todos os blogs
Q diz
Acreditar que ai é o espaço da individualidade constituída, onde me colocarei frente aos problemas do mundo
v diz
É.. Eu não disse que não sou ordinária
Q diz
Na verdade seu blog ta me explicitando muitas coisas que eu não tinha muito claro pra mim
v diz
Tipo o q?
Q diz
Basicamente a diferença de ver o mundo pelo prisma do indivíduo e pelo prisma das forças da modernidade
v diz
Dá pra exemplificar onde eu entro nessa história mais diretamente?
Q diz
Então, todos seus posts estão problematizando com isso
v diz
Com isso o q?
Q diz
Vamos analisar esse primeiro?
v diz
Vamos
Q diz
QUE EU ME PERMITA OLHAR, ESCUTAR E SONHAR MAIS..
FALAR MENOS.
CHORAR MENOS.
Essas frases já colocam o sujeito como alguém passível no mundo
v diz
Sim
Q diz
ele não mais exprimira seus sentimentos, apenas estará forçado às forças externas e sua fuga será nos sonhos, na impossibilidade de lidar com o mundo
VER NOS OLHOS DE QUEM ME VÊ A ADMIRAÇÃO QUE ELES ME TÊM E NÃO A INVEJA QUE PENSO QUE TÊM.
Que tipo de problema é colocado aqui? Que tipo de pessoa é essa? Que olha nos olhos do outro e esta preocupada somente com si mesma? Que seu grande dilema esta em pensar o que o outro pensa de SI
E ainda quer te um controle sobre isso neurótico. Quer se achar amada por todos

QUE EU POSSA VIVER OS SONHOS POSSÍVEIS E OS IMPOSSÍVEIS;
AQUELES QUE MORREM E RESSUSCITAM:
A CADA NOVO FRUTO,
A CADA NOVA FLOR,
A CADA NOVO DIA.
De novo no âmbito do sonho
Na falta de possibilidade de viver o mundo agente vai para os sonhos, até os impossíveis. Talvez isso foi o que a Xuxa nos ensinou.
A cada novo... A cada novo... É uma voz muito infantil que não consegue lidar com o mundo adulto de responsabilidades
v diz
Concordo com vc
Q diz
A vida não é fácil mesmo, e não precisamos nos esconder tanto dessas dificuldades tentando recomeçar sempre
QUE EU SAIBA REPRODUZIR NA ALMA A IMAGEM QUE ENTRA PELOS MEUS OLHOS FAZENDO-ME PARTE SUPREMA DA NATUREZA, CRIANDO-ME E RECRIANDO-ME A CADA INSTANTE.
v diz
Será que não é a maneira mais fácil?
Q diz
Se é a mais fácil ela não te ajuda em nada. Tu ficas num circulo vicioso sem saída
v diz
Entendi
Q diz
Sempre em busca de uma nova promessa para depois se frustrar
v diz
Então devo viver frustrada?
Q diz
São os eternos começos de namoros e sua posterior frustração
v diz
É uma fuga...
Q diz
Tá, é... Eu não vou dizer que sei o que fazer, não me acho a pessoa mais bem realizada no mundo
v diz
Eu quero ser feliz
Q diz
Mas vou tentar um chute nessa minha busca
v diz
Não sei como fazer isso aplicando as coisas à minha maneira.
Q diz
Eu acho que devemos procurar a complexidade das coisas
v diz
Procuro fazer à maneira q o mundo diz, para ver se dá certo.
Q diz
Não fechar nossos olhos para suas dificuldades e dilemas. Vivenciar o conflito do mundo
v diz
Procurar mais complexidade além da minha ou ignorar a minha?
Q diz
Eu tô pensando no seguinte
v diz
Diga
Q diz
Essa coisa do amor
Q diz
Agora achei o amor de minha vida
v diz
Qual?
Q diz
Digo, é uma frase que a gente ouve por ai
v diz
Ah
Q diz
E é logo fácil perceber que essa pessoa esta buscando algo interior a ela, que não tem nada a ver com o outro e a frustração logo se faz presente tb,
v diz
É claro. Carência é o nome.
Q diz
Sim, somos seres frágeis e fragilizados e precisamos saber lidar com isso
v diz
As pessoas surgem umas dentro das outras e querem continuar assim
Q diz
É aí que eu acho que uma da base de nossa fragilidade é se enxergar como individuo, quando somos apenas mais um manipulado pelas enormes forças do mundo
O individuo não tem saída!
v diz
Não tem mesmo...a saída mais plausível seria não viver.
Q diz
Não será tentando lutar com o mundo enquanto individuo que tu cessarás suas frustrações, mas pensar o mundo de forma diferente, não é você contra o mundo e contra todos, é simplesmente o mundo e vc mergulhado nele reproduzindo suas estruturas
v diz
Mas vc é a pessoa mais do contra q eu conheço... reproduzindo como?
Q diz
Todos esses dilemas que tu coloca no seu blog, por exemplo, tu colocas como coisas individuais, mas não o são. Tu reproduzes o que todo mundo sente
v diz
Eu sei disso... mas não ouso falar por todos, só por mim...as pessoas que se identificarem que se manifestem, é assim que eu acho que funciona.
Q diz
Tu achas que seus pensamentos são seus? Suas escolhas?
v diz
Não... por isso o conflito
Q diz
Assim Vê, eu sei que não é fácil, pois o mundo todo nos força o contrario, mas não acho que devemos pautar a vida sobre o dilema de ser ou não amados, de não estar sozinho, de ser capaz ou não de consumir algo. Quando nos colocamos sob esses dilemas tenho certeza que estaremos ferrados. Talvez alguns poucos homens senhores do mundo sejam felizes como indivíduos, nós não podemos reproduzir isso
“Quero ser melhor para mim e não para alguém e acho que posso chamar isso de maturidade.”
Toda essa forma de vc enxergar o "eu" é o que chamo de falsidade ideológica, nós não somos definidos por nos mesmos, por nossas vontades, nos somos parte do mundo, querer negar os olhos do mundo é uma besteira, pois seus próprios olhos são os olhos do mundo
v diz
Só consigo te entender pela metade.
Q diz
É, talvez eu esteja querendo criticar demais tb
v diz
Não é isso
Q diz
Então diga
v diz
O que fode é a linguagem
v diz
Eu sinto que te entendo, me provoca coisas as suas palavras
Q diz
O final de teu texto tem uma consciência do que eu tava tentando te dizer
Todos temos uma parte vida que não escolhemos, é aquela parte que simplesmente acontece, é o lugar que você vive, a família que você têm, enfim, o jeito que o mundo gira.
“...ela nos traga e nos cospe a todo o momento e nisso vão se perdendo alguns pedaçinhos da gente,”
v diz
Mas vc se expressa de uma maneira subjetiva demais para um assunto tão mal explorado, teria que ser mais didático, minha linguagem é tão ruim para essas coisas
Essa parte do texto eu julgo ser a que mais me expressei verdadeiramente, foi horrível quando escrevi essa parte, pq não conseguia me explicar direito, desenvolver... A linguagem fica comprometida e confusa
Q diz
Eu acho que foi tão horrível, pois vc ainda acredita que é alguém quando na verdade não é ninguém
v diz
Pode ser mesmo
Q diz
Pois vc contrapõe essa realidade com a possibilidade de algum individuo (você) se realizar no mundo. O que proponho é percebemos o mundo como uma grande maquina, que simplesmente nos encuca com o conceito de sujeito para melhor nos controlar
Nós somos números, somos paixão Tb, mas não enquanto indivíduos.
A paixão dos indivíduos são as paixões da novela, sobre a paixão real não temos controle, pois ela é do universo
v diz
E qual é a paixão real?
Q diz
Indefinível, impalpável, não conseguimos transformá-la em filme, não esta sobre nosso controle, não podemos exaustivamente tentar encontrá-la, o que queremos controlar é a paixão como mercadoria, queremos tê-la, não queremos vivenciá-la, somos estúpidos o suficiente para acreditar que podemos possuir as coisas
v diz
Mas onde nos levará perceber tudo isso?
Q diz
Onde ficaremos se não percebermos?
v diz
Do mesmo jeito de sempre... não sei responder...esse assunto me surta, rs...tenho preguiça das pessoas....e por em prática esse tipo de abordagem só me levará mais de encontro com elas...
Q diz
Eu acho que é a proposta
v diz
Mas fica com um ar de pregação
Q diz
É, de vez em quando fica e de vez em quando é mesmo
v diz
Acho que sou egoísta demais mesmo... Me incomoda demais, mas é mais aceitável do que não ser.
Q diz
O que eu acredito é que ser egoísta é uma armadilha
v diz
...de uma coisa eu tenho certeza: do meu amor pela minha família, pq se ele não existisse eu já teria me matado.
Q diz
vc é sua família
v diz
Como assim? E minha mãe? Meu pai? São o quê?
Q diz
Não conseguimos imaginar um mundo sem ela, nossa visão são seus olhos... da família
v diz
ahn?
Q diz
O mundo nos é mostrado através da família
v diz
Sim... não há como negar isso, seria besteira.
Q diz
O seu lugar no mundo é colocado pela sua família
v diz
Sim
Q diz
Então tu percebes o mundo e o mundo te percebe pelo viés de sua família, por isso digo que tu és sua família
v diz
Entendi... e aí? Vale à pena ir contra isso?
Q diz
Então, acho que é papel de cada um destacar-se disso, mas não é ir contra, para nos colocarmos individualmente no mundo antes de tudo é necessário um profundo entendimento de quem tu és dentro da família
Tipo, eu to falando sobre um prisma da psicologia
v diz
Qual?
Q diz
Acho que é esse o processo da psicanálise, entender como tua subjetividade foi forjado no seio familiar, para assim fazer vc se tornar ciente de si e de seus potenciais
v diz
Não consigo entender...
Q diz
Eu tenho algumas dúvidas sobre o que falo tb não sei se devemos negar nossa existência enquanto indivíduos
v diz
vc tem um embasamento muito diferente e menos fútil q o meu...
Q diz
é, eu to estudando isso
v diz
o q é?
Q diz
são dezenas de anos de tradição acadêmica...então, eu diria que o que tentei te explicar seja mais ou menos uma tradição filosófica que se inicia com Hegel, passa por Marx, vai cair em Adorno e Lacan
v diz
huuummmm...vc acredita q isso é a verdade?
Q diz
no campo das artes que é o lugar de conflito mais pesado colocaria Baudelaire na literatura, Brecht no teatro, Godard no cinema, e todos modernistas...Vê, não me faz muito sentido perguntar se é verdade. A verdade é um conceito positivista que embasa o processo científico moderno. Quando eu estou criticando a modernidade não me posso pautar por um conceito criado por ela.
v diz
entendi.
Q diz
essa própria ânsia de querer uma verdade pode ser criticada, de querer enquadrar o mundo em verdadeiro e falso
v diz
sim, mas parece q só lendo tudo isso q vc lê é possível criticar assim
Q diz
sim, e eu leio pouco, vai conversar com uns caras cabeçudos pra ver
v diz
deus me livre
Q diz
pq Vê, existe um turbilhão de coisas acontecendo no nosso dia a dia que não nos permite pensar de maneira diferente, nos vivemos numa imensa simulação dessas "falsidades"...a televisão como principal instrumento desse mecanismo
v diz
sim, mas e daí?
Q diz
é um milagre alguém conseguir perceber algo diferente que não seja pelos estudos
v diz
eu quero paz de uma forma mais simples... hehehe
Q diz
talvez gênios que consigam manter uma percepção do mundo diferente
é, paz eu não sei onde encontrar, pois o que eu procuro é conflito e percepção
v diz
já percebi isso....mas vc é vc e eu sou eu né?
Q diz
não tenho muita certeza disso
v diz
cada qual respeitando seu espaço
Q diz
isso é o que tu quer impor
v diz
não quero impor nada.
Q diz
Vê, acho que podemos entender essa diferença em nossa linguagem olhando para nossas vidas, se procuro conflito é pq vivo num mundo de "paz e harmonia" há 27 anos, deitado dia após dia, comendo sem o suor do rosto. Tudo o que quero é algo que me chacoalhe a sair dessa situação
v diz
eu sei disso... mas quem disse que tbm não tenho a vida assim?...talvez um tanto menos de dinheiro
Q diz
sei lá, se tu tens não ia querer buscar mais paz...simplesmente não me faz sentido buscar paz
v diz
saquei ... a minha paz será quando eu perder a paz que meus pais me dão...e viver o inferno que é ser sozinho de fato no mundo. Não faz o menor sentido buscar a paz.
Q diz
é maluco isso, pra tu ver como meu discurso é paradoxal. tudo o que procuro e ser sozinho no mundo tb
v diz
tá vendo?...para depois querermos voltar a não ser sozinhos mais.
E a nossa geração está ainda mais fodida, pq nossos pais impedem isso até a última hora, quiçá até quando eles morrerem

Espero que alguém tenha chegado até aqui...E se chegou, entendeu alguma coisa?

4 comentários:

Boana disse...

Chego até a metade e depois disso perco o fôlego. Terminarei em breve.

Bruno Perê disse...

li ate o final, mas é como se eu voltasse ao início...a máquina do mundo girando em falso, anulando o indivíduo, os embasamentos anulam qualquer possibilidades de entendimento...de si...essa conversa nunca existiu de fato...muito menos conflito...menos ainda indivíduos...

parabéns pela conversa...cadê o resto?

VB disse...

Obrigada pelo comentário querido, mas...como assim parabéns por uma conversa que nem existiu? rs
;)

André disse...

Análise online: aceita Unimed?